terça-feira, 27 de março de 2018

Despertando o gigante: meu sonho

Muito tenho escrito e enfatizado o uso de ervas e especiarias tradicionalmente usadas em culinárias realçando suas funções medicinais e preventivas.

Muitas pessoas que imaginam que essa seja a minha paixão. Confesso que sou apaixonada pelo assunto e isso vem de muito longe. Em minhas memórias mais remotas, me vejo com cinco anos de idade, na ponta dos pés, na beira de um fogão à lenha, acompanhando a minha avó Júlia no preparo de suas inesquecíveis refeições.

Minha avó tinha uma pequena horta em seu minúsculo quintal que para mim parecia uma vasta fazenda. Essa horta tinha de tudo um pouco, abóboras, chuchu, verduras, cebolinha, salsinha, milho verde, ervas medicinais e até um pé de urucum.

Desde muito cedo os aromas dos temperos e a magia da culinária me arrebataram. Tive a felicidade de nascer em uma família de exímias cozinheiras que me ensinaram tudo o que sabiam.

Minha mãe desde muito cedo, sabendo do meu interesse me passava noções de nutrição, da combinação de alimentos, da harmonia de sabores. Sábia, mesmo com um orçamento pequeno nos provia com maravilhosas refeições, equilibradas e nutritivas. Alguns dos melhores momentos da minha infância foram passados na cozinha, ao lado da minha avó, da minha mãe e dos seus incríveis cadernos de receitas.

Nosso Xamã. Dona Maria, minha avó do coração.
Vovó Julia e eu em 1981. 


Cresci em Bauru, uma cidade do interior, num bairro de ferroviários, de gente simples e muito valorosa, numa época que o acesso à medicina tradicional ainda era um luxo para poucos e os problemas de saúde corriqueiros eram tratados por benzedeiras ou em penúltima instância pelo farmacêutico da vila, o "seu" Julio que atendia a todos mesmo aqueles que não podiam pagar. Uma responsabilidade social que não se vê mais nos dias de hoje.

Medicina preventiva não existia no meu bairro, o posto de saúde era frequentado para se tomar vacinas ou receber remédios para vermes. Mesmo porque comendo frutas da temporada direto do pé e recebendo uma alimentação saudável, tão bem cuidada pela minha mãe, raramente alguém ficava doente.

A molecada da minha rua e eu sabíamos o tempo de cada fruta e uma das nossas aventuras prediletas era sair à caça delas pelos quintais da vizinhança. Tudo era detalhadamente mapeado pelos nossos estômagos no decorrer do ano. Tempo de jambo, de manga, de mexerica, de jabuticaba, de carambola, de coquinho, de uva, de jatobá, de jaca,  etc. Era só achar o quintal certo e nos fartarmos.

Conforme eu fui ficando mais velha, uma nova paixão despertou em mim. Conheci uma pessoa maravilhosa, que considero como uma avó. Uma negra belíssima, com a altivez de uma rainha africana. Uma pessoa boníssima que o pouco que tinha, dividia com quem não tinha nada. Ela era a benzedeira do nosso bairro. O nosso xamã. Era a única esperança para muitos. Era puro amor. Uma pessoa iluminada, a Dona Maria, minha avó do coração.

Durante muito tempo, eu passava minhas tardes com ela. Curiosa que sou, observava e prestava atenção em tudo. Meu interesse eram as plantas e as ervas que ela receitava e distribuía para as pessoas que a procuravam.

Muitas vezes havia fila de gente buscando ajuda em sua humilde casa. Nunca vi ninguém ir embora sem receber alguma coisa. Uma palavra. Um alento. Uma reza. A receita de um chá e a planta certa para fazê-lo, que podia ser uma erva medicinal ou um simples tempero. Muitas vezes somente um singelo conselho. Outras vezes até um encaminhamento para um médico tradicional. Ela tinha consciência dos limites do seu saber nato.  

Em seu jardim, ela cultivava um ervanário e eu me encantava com isso. Não devia ser muito grande, mas para mim parecia uma floresta. Por intuição eu sabia o potencial que as plantas ofereciam e buscava conhecer tudo a respeito. Aprendi muito com essa convivência e com os valiosos ensinamentos da minha querida avozinha, que pacientemente me ensinava tudo sobre as suas ervas, através das suas interessantes histórias. Até hoje guardo e aplico esses conhecimentos em minha vida. Infelizmente, as benzedeiras são raras hoje em dia e muito dos seus preciosos conhecimentos etnobotanicos estão se perdendo para prejuízo da humanidade.

Essa paixão nunca me abandonou. Sua consolidação veio com meu Mestrado e Doutorado em Agronomia e com os inúmeros anos de trabalho na UNESP, dedicados à pesquisa nas mais diversas áreas da ciência, principalmente em Agronomia. Após a minha aposentadoria, venho acumulando muitos anos de estudo e dedicação aos produtos naturais brasileiros, incluindo plantas medicinais que há décadas exportamos pela nossa empresa – Brazilian Forest.

Babaçu: óleo vegetal  (Cerrado)
Nunca receitei nada para ninguém e muito menos indiquei que essa ou aquela planta pudesse oferecer ou prometer essa ou aquela cura. Esse não é o meu oficio. Não sou bióloga, tão pouco etnobotânica e não tenho formação em Medicina para curar alguém. Sou apenas uma pessoa apaixonada por nossa flora e curiosa com todo potencial econômico que podemos extrair desses nossos tesouros que são relevados.

Sou uma bruxa moderna que usa notebook e internet para mexer seu caldeirão e resgatar elos perdidos de conhecimentos ancestrais esquecidos e apagados na linha do tempo onde os produtos industrializados e sintéticos passaram a ter mais valor e respeito do que um simples chá que curou e manteve saudáveis nossos ancestrais desde priscas eras.

Acredito que saúde é o resultado da qualidade do que se come, pensa e do quanto se exercita.

Acredito também no poder fito energético e quântico das plantas e o bem que elas podem proporcionar ao homem, sem efeitos colaterais maléficos. 

Acredito que depois da revolução industrial, por interesses econômicos, humanos e animais desse planeta passaram a fazer parte de uma matrix cruel, que nos mantém escravos. Os interesses econômicos realizam um balé perfeito, vendam nossos olhos e não nos deixam perceber que os alimentos industrializados ingeridos produzem doenças e essas doenças alimentam outra indústria poderosa, a da cura. Num moto continuo insano com tendencia infinita.

E vivemos assim, alimentando essa roda-viva onde cada vez mais novos "clientes" dessas indústrias são inseridos na matrix que cada vez mais proporciona requintadas doenças como Alzheimer, Diabetes, Parkinson e inúmeras outras crônico degenerativas que tem sido o flagelo da humanidade nesses novos tempos. Nosso mundo está cada vez mais doente, cego e insensível.

A bruxa moderna que sou, não teme a fogueira. E desde muito jovem a curiosidade sobre tudo relacionado aos alimentos, nutrição, e os porquês que separam a saúde da doença nunca me abandonaram. No decorrer do tempo fui acumulando conhecimento e experiências que me trouxeram uma visão holística do homem e de tudo no nosso universo.

MARAPUAMA (Ptychopetalum olacoides)
um cipó que cresce na Amazônia. Segundo a crença popular,
a casca de sua raiz tem propriedades afrodisíacas.
Em meus estudos acadêmicos e não acadêmicos percebi que a sabedoria da cura natural que presenciei na minha infância é omitida nos ensinamentos das principais escolas médicas e os médicos são ensinados a tratar sintomas usando medicamentos geralmente sintéticos e potencialmente perigosos, muitas vezes com consequências desastrosas. Atualmente milhares de mortes ocorrem por reações adversas a medicamentos.

O que as pessoas acreditam ser a sua cura, é muitas vezes uma passagem de ida para o outro lado.

Há alguns anos, resolvi unir minha paixão com os conhecimentos acadêmicos que adquiri, desde então dedico boa parte da minha vida à pesquisa e ao estudo dos maravilhosos poderes de cura das ervas e especiarias, seus mecanismos de ação e suas comprovações científicas. 

Para poder fazer isso eu tive uma sólida base acadêmica. Aprendi em minha formação e exercendo a função de dar suporte em informática e estatística à pesquisas cientificas, por pelo menos 20 anos, numa das melhores instituições de ensino desse país, que é a UNESP. 

Em cursos maravilhosos como os que me graduei e obtive os títulos de Mestre e Doutora, uma das primeiras coisas que se aprende é ler e interpretar pesquisas e artigos científicos. 

Jatobá - Panta Medicinal encontrada no Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Amazônia.
E esse tem sido o meu oficio. Estudar, aprender, aprofundar, analisar com a crítica acadêmica e experimental tudo o que me parecer útil, interessante e singular. Devolver a quem quiser conhecer informações científicas transcritas para uma ótica de marketing e negócios. 

Meu trabalho nesses últimos anos, tem sido recuperar o conhecimento cientifico tradicional, especialmente relacionados às plantas brasileiras e produtos naturais brasileiros e oferece-los ao mercado, principalmente ao externo, como uma forma de trazer recursos e divisas a esse gigante que é esse país que amo mais do que a mim mesma e quero muito contribuir para melhorar o que for possível e o que eu puder realizar.

Como economista, consigo enxergar que a nossa saída não são as grandes commodities, que remuneram pouco a cadeia, agregam pouco valor ao produto e com sua poderosa capacidade de tecnificação absorve pouca mão de obra e não promove a sustentabilidade.

O Brasil tem um enorme e instigante desafio pela frente, que é o de se tornar líder mundial no tipo de produção que une biodiversidade com o desenvolvimento econômico e social. Cuidar do nosso planeta – o que é um aspecto crucial enquanto se gera riqueza e se proporciona às comunidades um futuro sustentável – é parte dessa equação.

Camu-camu fruta da Amazônia com maior quantidade
 de vitamina C natural do planeta
E como os consumidores exigem cada vez mais produtos de origem responsável, as empresas brasileiras têm uma oportunidade única para ganhar certa vantagem competitiva em biodiversidade global.

O Brasil é um país riquíssimo em recursos naturais e sua indústria florestal pode tirar proveito disso. Quase 60% do território nacional está coberto de florestas, e esta indústria gera mais de 610 mil empregos diretos. Se somarmos também com os empregos indiretos, o montante sobe para impressionantes 4,2 milhões de postos de trabalho. Com tais estatísticas, seu peso e sua relevância ficam evidentes. 


No entanto, apesar da importância do setor florestal brasileiro sua representatividade internacional ainda é pequena. De acordo com estatísticas da FAO, o mercado mundial de produtos florestais totalizou U$ 230 bilhões em 2015, mas o Brasil contribuiu com apenas 3% desse montante.

O Brasil ocupa quase metade da América do Sul e é o país com a maior diversidade de espécies no mundo, espalhadas nos seis biomas terrestres e nos três grandes ecossistemas marinhos. São mais de 103.870 espécies animais e 43.020 espécies vegetais conhecidas no país. Suas diferentes zonas climáticas favorecem a formação de zonas biogeográficas (biomas). Bioma é um conjunto de ecossistemas que vivem em equilíbrio e funcionam de forma estável, convivendo harmoniosamente entre si.

Cada bioma possui um tipo principal de vegetação e animais que nele encontram a forma mais adaptável possível para a vida. O Brasil é formado por seis biomas de características distintas:  Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. 

As florestas brasileiras desempenham importantes funções sociais, econômicas e ambientais, por meio da oferta de uma variedade de bens e serviços. 

Biodiversidade: São mais de 200 mil espécies já registradas em seus biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa) e na Zona Costeira e Marinha. Estima-se que este número possa chegar a mais de 1 milhão e oitocentas mil espécies; 

Sociodiversidade: São mais de 305 etnias indígenas, com cerca de 270 diferentes idiomas, além de diversas comunidades tradicionais e locais (quilombolas, caiçaras, seringueiros, etc.) e agricultores familiares, que detêm importantes conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade;

Complexo industrial: O Brasil dispõe de um diversificado e bastante avançado complexo industrial em setores ligados à bioeconomia e à biotecnologia, com empresas de referência mundial; 

Capacidade científica: O Brasil conta com pesquisadores que detêm grande expertise, além da capacidade de desenvolvimento tecnológico para fazer desse potencial uma realidade de benefícios econômicos, sociais, culturais e de qualidade de vida.

DESPERTANDO O GIGANTE

Para nos desenvolvermos necessitamos buscar um processo que seja economicamente viável, ecologicamente correto, ambientalmente sustentável e socialmente justo. 

Os produtos brasileiros têm um grande potencial de inserção no mercado internacional que ainda não foi explorado. A participação das exportações na economia brasileira não corresponde à importância de suas pequenas e médias indústrias por estarem concentradas em empresas de grande porte. 

Cápsulas e Comprimidos - Nutracêuticos, Cosmecêuticos 
Seguindo a mesma linha conceitual das micro e pequenas empresas, implantadas nesse país por quem realmente ama, pensa, serve e se dedica a ele, temos que fazer o mesmo com nossas exportações. Parar de olhar para o macro e pensar no micro. Que agrega, qualifica, remunera, alavanca e promove distribuição de renda e  justiça social.

É necessário mudar essa realidade e criar uma cultura exportadora que atinja a todos os segmentos, incluindo os produtos da biodiversidade que embora sejam a nossa maior riqueza é uma das áreas menos exploradas.

Óleos Essenciais

A busca por uma vida mais saudável é uma preocupação cada vez mais constante na vida do consumidor em todo mundo. O consumidor está disposto a pagar mais caro por um produto que realmente ofereça o que promete. E os nossos são excelentes! 

Os produtos que podem ser extraídos da biodiversidade brasileira são infinitos. Temos potencial para atender globalmente as mais diversas áreas em tudo que o planeta busca atualmente. Os recursos naturais encontrados nos nossos magníficos biomas tem potencial para suprir tanto em matérias primas para as indústrias (coletadas, extraídas ou cultivadas), quanto em produtos prontos para o consumidor final, com maior valor agregado. 

Os crescentes setores de maior demanda global são:
  • Saúde e bem-estar 
  • Nutrição esportiva 
  • Produtos naturais 
  • Produtos para pele e beleza 
  • Suplementos Dietéticos 
  • Alimentos funcionais 
  • Bebidas funcionais 
  • Nutracêuticos 
  • Cosmecêutico
O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável.



Extratos Secos de frutas e plantas medicinais.

Existem mercados potenciais que demandam nossos insumos fitoterápicos para atender às indústrias dos setores farmacêutico, veterinário, cosmético, alimentício, bebidas, higiene e limpeza, farmácias, lojas de produtos naturais, laboratórios de manipulação e distribuidores de matéria-prima em todo planeta.

O que podemos oferecer:
  • Plantas Medicinais "in natura" ou minimamente processadas, como matéria prima.
  • Chás fitoterápicos, alimentos funcionais, bebidas energéticas, etc.. preparados com Plantas Medicinais brasileiras.
  • Suplementos encapsulados ou comprimidos produzidos com Plantas Medicinais brasileiras.
O que podemos obter:
  • Agregar mais valor e oferecer na forma de Extratos Secos, Extratos Hidro-alcoólicos, Tinturas, Extratos Oleosos e Glicólicos.
O mercado global de drogas derivadas de plantas e plantas medicinais atingiu US$ 29,1 bilhões em 2017 e a previsão para 2020 é de US$ 35,4 bilhões, com uma taxa de crescimento anual de 6,6%. (CAGR)
Esse é o sonho que nunca morreu no coração daquela menina simples, de um bairro periférico de uma cidadezinha de interior. Que cresceu acreditando na bondade, tendo como exemplos de vida pessoas simples como o Seu Julio e Dona Maria, que nunca irão morrer em seu coração.

Namastê!