segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobre essa Copa e outras Copas...

Quando o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo eu tinha apenas dois anos de idade. Era 1958, e a Suécia e o mundo se renderam à ginga dos brasileiros e assim a “pátria de chuteiras” pode se orgulhar dessa importante conquista. 

Não tenho lembranças nítidas dessa época, mas da Copa de 1962, quando ganhamos pela segunda vez no Chile, lembro-me bem dos meus tios e vizinhos colados no radio, vibrando em cada lance, em cada posse e passe de bola do Brasil.

Naquela época o povo era muito pobre, não havia bandeiras, nem gente vestida de verde-amarelo, eram muito raros os enfeites nas ruas, principalmente nas dos bairros da cidade de interior, onde eu nasci. 


Havia sim, muita torcida e muita esperança em ver nossa esquadra verde-amarela brilhar mais uma vez e conquistar a nossa segunda estrela. 

Obs: Pelé não está na foto porque sofreu um estiramento no 2º jogo.

Os sonhos da nação foram depositados no insuperável passe do meio campo Zito e num ataque glorioso formado por Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. Apesar dos preparativos finais para a Copa do Chile terem desencadeado algumas vaias do povão, bastou o primeiro treino no Chile para que as esperanças se reacendessem. Pelé e Garrincha garantiram isso!



Era uma época muito intensa no mundo. Os Estados Unidos tentaram invadir Cuba e foram rechaçados pelos cubanos no famoso ataque à Baía dos Porcos, que foi acompanhado com o bloqueio comercial à Ilha de Fidel. Aqui no Brasil, o presidente João Goulart (Jango) simpatizante do regime socialista moreno, recém-implantado por Fidel em Cuba, desafiou as elites dominantes e o Congresso Nacional enviando uma carta aos EUA comunicando que o Brasil se opunha à invasão da Ilha. Acredito que esse tenha sido um dos gatilhos que detonaram a revolução de 1964 e a nossa sofrida Idade das Trevas.


Jango e as manifestações populares

Para compreender melhor esse período intenso do Brasil, que geralmente é negligenciado nas aulas de história, é importante saber que a posse de Jango em 1961 foi amplamente festejada pelos grupos de esquerda. Além das reformas de base (agrária, urbana, fiscal e educacional) ele defendia a nacionalização e estatização de setores básicos da economia, o controle do capital estrangeiro, o voto dos analfabetos e a legalização do Partido Comunista do Brasil. Um cenário muito parecido com o atual.

Jango foi empossado graças ao regime parlamentarista, que foi adotado para ter uma vigência temporária, conforme compromisso estabelecido com políticos civis e militares. Nove meses antes do final do seu mandato deveria haver um plebiscito, onde os eleitores iriam optar pela continuidade do parlamentarismo ou o retorno ao presidencialismo. 

Luta no campo pela Reforma Agrária
Seu mandato foi uma “saia justa” porque seu primeiro ministro era Tancredo Neves, notoriamente contrário às reformas e comprometido com as elites. Percebendo sua fragilidade política, Goulart buscou ampliar suas alianças para permanecer no poder. Ao mesmo tempo em que era casado com as esquerdas, namorava seus opositores, adotando posições mais moderadas. Devido a essas vacilações, ele sabia que somente com muita pressão, o governo conseguiria realizar as reformas de base tão almejadas.

Na época, o que se via no Brasil era o termômetro político cada vez mais quente. Greves gerais paravam as cidades exigindo o plebiscito pelo parlamentarismo ou pela concessão de 13º salário, que resultavam em saques e quebra-quebra. Muito parecidos com os de hoje.

No campo, a luta era pela conquista da histórica “reforma agrária”. Numa época em que os coronéis eram os latifundiários, donos de todo bicho e toda gente, mandaram assassinar um líder da Liga Camponesa no Nordeste e houve uma revolta geral. O enterro foi acompanhado por mais de 5 mil pessoas e os protestos não pararam, inclusive foram filmados pelo pessoal da UNE (União Nacional de Estudantes) e mais tarde usados no famoso longa “Cabra marcado para morrer” apreendido e proibido pela censura em 64.

Notícias de 14 de Julho de 1962
Com as eleições de 1962, se reprogramaram as forças no Congresso Nacional. Apesar do PTB, partido do presidente Jango ter tido o maior número de votos, o PSD manteve sua posição de maior partido e aliou-se com a UDN para barrar as reformas, principalmente a agrária. Surgiram muitas organizações tanto de esquerda quanto de direita, pró e contra as reformas. Inclusive os mais radicais que posteriormente aderiram às guerrilhas. Os comunistas que eram fortes no Brasil, também se dividiram em duas organizações o PCB, ligado à URSS e o PC do B mais próximo do comunismo chinês.

Devido à instabilidade geral causada pelas discussões em torno das reformas de base, a economia passou a ser premida por um evidente descontrole dos gastos públicos, com consequente elevação da taxa inflacionária. Além disso, contribuía para esse cenário o crescente déficit operacional das empresas públicas, denunciadas como “cabides de emprego” e “sumidouro” do caixa federal. Propostas de controle dos gastos públicos foram apresentadas com o intuito de estabilizar a inflação no patamar de 60% ao ano. Era uma bagunça generalizada.

Tom Jobim e amigos no lendário show do Carnegie Hall em 62 
Apesar de ser uma época conturbada, o Brasil brilhava no mundo com a bola nos pés e com sua música. Tom Jobim, João Gilberto, Sergio Mendes e outros abriram as portas para a música brasileira no fechado mercado fonográfico americano, com um épico show no Carnegie Hall em NY, a Bossa Nova conquistou a América. O Brasil também celebrava a conquista da Palma de Ouro em Cannes, com o filme “O pagador de promessas”. Era uma época vibrante e muito criativa, que foi um pouco apagada pela ignorância da ditadura.

Aparelho de TV em 1962
Não havia TV para todos, somente para os mais abastados. Na minha rua, tinha um vizinho que compartilhava a sua com a criançada, toda noite o chão da sua sala lotava de crianças para assistir o Repórter Esso, programas de calouros e os indefectíveis concursos de Miss Brasil. Não havia transmissão por satélite. TV era somente para os eleitos, o povo ouvia mesmo as vozes do radio. 

Apesar de muito jovem, eu acompanhava tudo isso através da Revista Manchete, que eu devorava principalmente pelo genial cartum da Turma do Saci Pererê. 

Saci Pererê na Copa de 62
Escrevendo isso, me dei conta de como a história é cíclica e se repete. Vejo em nossos dias atuais um cenário muito parecido com o vivido nesses anos pré-ditadura. 

Sempre amei esse país e me interesso por seu futuro. Sou extremamente nacionalista, aprendi a amar e a honrar a nossa bandeira e me comovo ao ouvir o nosso hino. Quero o melhor para o nosso povo. Uma vida mais justa, mais digna, com oportunidades, saúde, educação e trabalho.


Para mim qualquer partido político seja ele de esquerda ou de direita, que manipule de forma covarde o pensamento do povo e a sua vontade para se impor ou se manter no poder é pior do que qualquer ditadura.


Gostaria que esse gigante acordasse e ocupasse o lugar que lhe é de direito nesse planeta.

Sempre vivemos como uma colônia. Nunca encontramos nossa verdadeira cara. Sempre nos curvamos para aceitar o modelo de outras culturas, sempre tivemos vergonha da nossa própria beleza.

Somos um país continental, com riquezas naturais inimagináveis. Podemos ser o celeiro do mundo. Podemos ir muito além. E tudo depende de nós, das nossas escolhas.

Copa do Mundo, eleições, movimentos sociais... Tudo isso passa e é transitório. Mas nós como nação sempre permaneceremos! Não adianta protestar contra a Copa do Mundo, apesar do seu ódio ela vai acontecer. Temos agora que receber os nossos convidados e mostrar o nosso melhor. Mostrar nossa hospitalidade, o nosso melhor para conquista-los como turistas. O turismo gera empregos e divisas para o nosso país e nós precisamos disso. Esse é um dos legados das Copas.

Numa discussão interna, precisamos saber o que queremos para essa nação. Precisamos ter consciência e discernimento para fazer as escolhas certas para que o nosso futuro não seja incerto. Precisamos saber reconhecer e dizer não para as manipulações partidárias e escolher exatamente o que vai nos levar para frente como uma nação.

Somos muito jovens ainda. Fomos a última fronteira da Terra a ser desvendada. Temos muito que caminhar e aprender como nação. Temos uma herança terrível dos males que uma cultura implantada nos legou. Fomos muito maltratados pelos nossos colonizadores. Além de saqueados, povoados por degredados, dizimaram os habitantes originais, os verdadeiros donos dessa terra. E apesar tudo isso estamos indo muito bem... 

Retomamos o nosso caminho com a democracia nos últimos séculos.

Lutamos bravamente para restabelecê-la nos momentos em que ela foi ameaçada. Temos crescido como cidadãos e avançado como nação...

Não vamos perder o trem bala da história. Não vamos deixar que nos imponham velhos regimes fracassados e obsoletos.

Não vamos deixar que escolham novamente por nós. Somos soberanos. Somos os donos dessa pátria. Somos os brasileiros de ontem, hoje e amanhã!

E vamos ganhar essa Copa em casa! 

Nossa sexta estrela já brilha na nossa bandeira. 

Não vamos deixar que nada tire o brilho do nosso Brasil!


Ozana Herrera

sábado, 7 de junho de 2014

Tofu

Tofu comum
Muitas pessoas pensam que o tofu é um alimento consumido somente por vegetarianos ou por pessoas que querem melhorar a saúde. Mas o que muita gente desconhece é que ele tem uma longa história na cozinha asiática. 

Foi inventado na China há cerca de 2000 anos e seu consumo se espalhou para a Coréia, Japão e outras partes da Ásia. Em cada uma dessas culturas é usado não somente como um substituto da proteína animal, mas também por suas diversas e diferentes nuances como ingrediente.

Tofu caseiro
O tofu é um alimento perfeito, pois é rico em proteínas, pobre em gorduras e possui baixo valor calórico. É também um importante aliado nas dietas para perda de peso.

Além de possuir grandes quantidades de ferro e cálcio, também é rico em outras substâncias excelentes para a saúde, como as isoflavonas.

Mesmo com tantas vantagens nutricionais, o tofu é vítima de grande preconceito, por isso sua culinária é pouco conhecida.

 Tipos de Tofu
Como é feito de soja, é conhecido por “queijo de soja”. A primeira etapa do seu preparo consiste em moer os grãos de soja secos e adicionar água para transforma-los num leite. 

Em seguida, num processo semelhante à fabricação de queijo, o leite de soja é coalhado com adição de coagulantes como sais, ácidos ou enzimas. A seguir a coalhada é prensada formando blocos e o soro, a parte líquida é coada ou drenada.

Existem muitos tipos de tofu no mundo. Somente na China e no Japão são aproximadamente 30 tipos. No Brasil temos apenas seis. E cada um deles é indicado para determinado tipo de preparo.

Tofu Kinugoshi, Tofu Liofilizado e Tofu Desidratado
Tofu Defumado: Tem consistência firme e sabor marcante. Indicado para saladas e pratos frios.

Tofu Seco: Tem consistência firme e sabor intenso. Indicado para pratos feitos em frigideira ou para carpaccio.

Tezukuri ou Tofu Caseiro: Feito sem pasteurização é bem prensado, espesso e firme com sabor pronunciado. Indicado para pratos quentes ou para chapa.

Momengari: Tem consistência firme, é espesso, tem sabor pronunciado e absorve bem a umidade e o sabor dos molhos. É ideal para fritar, grelhar, fazer espetinhos, usar em cubos nas saladas ou em molhos.

Aguedofu: Possui textura porosa, continua fofo mesmo depois de frito. Ideal para caldos, arroz de sushi, grãos cozidos e vegetais picados. Use também no missoshiru, soba, udon e no oden.

Kinugoshi: “Kinu” significa seda e “Goshi” coar. Esse tofu é tão macio que parece ter sido coado num pano de seda. Não é prensado. Derrete na boca e tem sabor adocicado. Como é usado no verão no Japão, pode ter fragrâncias de limão ou gengibre. Indicado para ser servido com molhos (shoyu, ponzu ou dashi).

Na culinária asiática o tofu é usado em todo tipo de receitas, tanto doces como salgadas.
Sua versatilidade é inacreditável!

Restaurante Sasa-No-Yuki, Tóquio        
Em Tóquio, por exemplo, existe um restaurante que oferece mais de 200 pratos, todos feitos com tofu. Há 11 gerações com a mesma família, esse tradicional restaurante desde 1691 abastece a cozinha da família imperial japonesa.  Seu lindo e poético nome é Sasa-No-Yuki que significa “neve em pequenas folhas de bambu”, uma referência à maciez de um tipo de tofu que fez a fama do local. 

     Tofu com crosta de PESTO CASHEW 
Como o tofu é muito sutil, não tem cheiro e nem sabor e os brasileiros estão acostumados a sabores fortes, ele não é bem aceito no Brasil e pouco incorporado à nossa dieta. Exceto pelos veganos e vegetarianos que fizeram dele sua principal fonte de proteínas.

Mas isso é simples de resolver. Como disse sabiamente um famoso chef, “o tofu é um condutor de sabor”Você pode dar a ele o sabor que desejar. 

Tofu na chapa com Tempero STEAK     
Eu recomendo o uso da linha Cuesta Sabores. São 14 temperos especiais e 2 pestos elaborados sem adição de sal ou qualquer química que podem transformar uma insonsa e pouco apetitosa fatia de tofu, num prato saboroso e saudável.

O tofu pode ser consumido de diversas formas: frito, assado, grelhado, em espetinhos, recheios, em cubos em saladas, legumes refogados, sopas e em muitas outras maneiras. 

Seja qual for a sua forma de preparo predileta, livre-se do preconceito e dê uma nova chance para esse alimento tão nutritivo!

Tenha uma boa e saborosa vida!

Ozana Herrera